Para um evento que tinha tudo para ser um natimorto, chegar à 15ª edição é um feito e tanto. É certo que ao longo desses anos todos, o Salão do Livro do Piauí já enfrentou dificuldades de toda ordem. A maior delas continua sendo: a carência de recursos financeiros para realizar um salão à altura das expectativas dos piauienses.
O problema do SALIPI foi ter nascido de forma “errada”. Ao contrário de outros salões, feiras e bienais, o Salão nasceu sem o aval ou chancela de nenhuma instituição pública. A primeira edição (julho de 2003) fez-se graças aos esforço de um pequeno grupo de professores (apenas 4),sem dinheiro e sem qualquer experiência na realização de um evento de tal magnitude. Para surpresa de todos, inclusive dos organizadores, os piauienses receberam o salão com o maior entusiasmo. Qualquer evento público só se legitima com a efetiva participação do povo. Povo abraçou e, consequentemente, legitimou o Salão.
Realizar a segunda edição do SALIPI foi bem mais complicado: o sucesso da primeira criou enormes expectativas. Não podíamos nos limitar a “requentar” a programação de 2003 e oferecê-la em 2004. Não bastasse isso, precisávamos de uma instituição que pudesse dar suporte jurídico ao Salão. Criou-se, então, a Fundação Quixote, uma instituição rica em simbologia, mas desprovida de capital. O problema da carência de recursos persistia e agravava-se. Recorremos ao Estado e à Prefeitura de Teresina, parceiros de primeira hora. Mas os aportes financeiros sempre foram insuficientes para cobrir as despesas crescentes.
Tentamos parcerias com instituições privadas, mas os resultados foram inexpressivos, para dizer o mínimo. Em vaquejadas, carnavais fora de época ou “forró de plástico”, há sempre a possibilidade de ter-se o patrocínio de fabricantes de bebida. Num salão de livros, jamais. Não é preciso ser do ramo para sabe que, infelizmente, em nosso país, compra-se livro como se compra remédio: só em caso de extrema necessidade…
Não bastassem as dificuldades de toda ordem, um pequeno grupo de “intelectuais” sempre conspirou contra o SALIPI. Um deles grafava a sigla do Salão assim:$alipi. O grupelho chegou a tentar um salão paralelo, o que não deu muito certo. Quando o Salão, prestes a sucumbir, recebeu a chancela da UFPI,mais críticas: “o salão está se elitizando”. Agora contribuir, que é bom, nem pensar.
O que importa: aos trancos e barrancos, o Salão do livro do Piauí vai sobrevivendo e parindo salões em outros municípios do Piauí: os filhotes já chegam a dez. Não sei aonde essa “aventura errática” vai chegar. Sei,todavia, que sempre contará com o meu apoio,com a minha modesta contribuição.